sexta-feira, 19 de novembro de 2010

“Comerciante que exporta é um forte”


      
       A próxima edição do projeto Motores do Desenvolvimento do Rio Grande do Norte – uma realização da TRIBUNA DO NORTE, Fiern, Fecomércio/RN e RG Salamanca Investimentos, com patrocínio do Banco do Brasil, Governo do Estado, Assembleia Legislativa e Companhia Docas do Rio Grande do Norte (Codern) – vai abordar todos os caminhos e perspectivas quando o assunto é produção visando o mercado externo. O tema escolhido é o “Setor Exportador: Agronegócio e Pesca” e o evento será realizado na próxima segunda-feira (22), no auditório Albano Franco, na Casa da Indústria, a partir das 8h. As inscrições são gratuitas e as vagas limitadas. Informações nos telefones 4006.6120 / 4006.6121. Um dos setores que mais pode se beneficiar com a expansão das exportações é o comércio varejista. Isso porque, para que as empresas possam produzir a fim de exportar, precisam comprar suprimentos. A equação é simples: mais matéria-prima comercializada, mais pessoas trabalhando e, consequentemente, mais gente consumindo. Isso resulta em vendas em alta. 

      Nesta entrevista, o presidente da Federação do Comércio do Rio Grande do Norte (Fecomércio/RN), Marcelo Queiroz, fala sobre como o setor exportador movimenta o comércio do Rio Grande do Norte, as consequências da queda do dólar para o comércio e a importância da discussão do tema para o desenvolvimento da economia do Rio Grande do Norte. 

      O tema da segunda edição do ano do projeto Motores do Desenvolvimento do RN será o setor exportador – agronegócio e pesca. Na opinião do senhor como se dá essa ligação entre as exportações e o comércio?

      Na essência, exportar é um tipo de comércio. O empresário produz visando comercializar o produto no exterior – apenas o destino final não é local, mas a atividade é comercial. Podemos dizer que a exportação é uma segunda etapa na maioria das empresas. Primeiro elas tendem a se voltar para o mercado interno, solidificar a marca e a qualidade do produto e depois, por contingências diversas, podem buscar mercados externos. É um tipo de comércio, no entanto, ainda mais repleto de dificuldades. Quem exporta, precisa estar atento a itens como maiores exigências dos mercados consumidores, comportamento do câmbio, competitividade internacional de seus preços (sempre prejudicada pelo alto Custo Brasil) e até mesmo o desentrave de questões burocráticas. Eu diria que, no Brasil, o comerciante que consegue exportar é um forte.

Qual a importância que a atividade exportadora pode ter para a movimentação do comércio aqui no Estado?

Exportar gera divisas para o mercado interno, divisas estas que tendem a circular no comércio, também. Isso sem falar, como eu já citei, da exportação direta das empresas de comércio. Poderíamos dizer que estas são as ligações mais próximas, mas existem outras ainda se formos enfocar aspectos mais específicos da atividade.

É possível medir o impacto dessas atividades exportadoras no comércio varejista dos mais diversos gêneros? Por exemplo, na área do Vale do Açu, tradicional produtora de frutas tropicais, o comércio de produtos agrícolas, embalagens e demais insumos é muito forte. Como o senhor avalia esse panorama?

Esta é a terceira vertente da ligação entre comércio e exportação. Neste caso, no entanto, a meu ver, são impactos muito pontuais, geográfica e temporalmente. Dependem da região, do tipo de item produzido, do setor da economia e até mesmo da época do ano. Em épocas de colheita de frutas, por exemplo o movimento é maior que no período da entre-safra.

Quais as regiões do Estado onde é possível observar essa relação COMÉRCIO X EXPORTAÇÕES com mais clareza?

Na região do Vale do Açu e no Oeste e Alto Oeste. A fruticultura tropical de exportação é uma indústria que movimenta significativamente o comércio dessas regiões.

Com a crise mundial de 2008, alguns setores tradicionalmente exportadores voltaram seus olhos para o mercado interno por causa da queda no consumo dos países mais ricos. Isso teve algum impacto no comércio local? É possível perceber um acirramento da concorrência, por exemplo?

O impacto mais imediato é a redução dos preços no mercado interno, por causa do aumento da oferta dos produtos – que antes iam para o exterior e então passaram a ficar nos mercados regionais. Percebemos isso ocorrer muito claramente com o camarão, por exemplo. Aconteceu também com as castanhas de caju, o açúcar e os tecidos. Essa oferta maior só beneficia o consumidor que passa a ter maior oferta de produtos, com qualidade e com o preço menor por causa da concorrência. O comércio também tende a crescer já que as vendas aumentam.

Com relação à instabilidade cambial e à queda do dólar, sabemos que com a moeda americana mais acessível cresceu também o número de produtos importados nas prateleiras das lojas. Como senhor avalia esse momento da economia atual? O dólar em baixa é bom ou ruim para o comércio?

Eu diria que é uma faca de dois gumes. Se por um lado ele representa aumento de vendas – mesmo que de produtos importados – ele termina redundando em impacto negativo em outros setores da economia, sobretudo na indústria nacional. A longo prazo isso pode resultar inclusive no fechamento de postos de trabalho por causa da concorrência de produtos importados. Hoje, estes produtos vêm basicamente da China. Eu costumo dizer que cada vez que o dólar cai, fechamos empregos aqui para abrir na China.

Como o senhor avalia a iniciativa do MOTORES DO DESENVOLVIMENTO em abordar um assunto tão relevante para a economia do Estado?

O MDRN é um projeto vitorioso. É um grande orgulho para nós do Sistema Fecomercio sermos promotores, junto com a Tribuna do Norte, a Fiern e a RG Salamanca de um projeto deste gabarito. Todos os temas abordados foram bastante importantes para promover a discussão e traçar caminhos para o crescimento econômico do nosso Estado, bandeira maior em busca da melhoria da qualidade de vida do nosso povo. Estamos no caminho certo, tenho certeza.

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